25 de set. de 2016

Tudo misturado


Ruivas tatuadas , esguias e misteriosas. Loiros altos, másculos, mas sem exagero. Morenas fatais, com pernas longas e torneadas. Mulatas de coxas tenras , tornozelos finos e pés atraentes. Mulheres pequenas, magras e definidas. Homens suados, maduros, cheirosos.
Onde me enquadro? Em nenhum destes quadros.
Sempre fui sem perfil definido. Gordinha ou quase isso. Não tão inteligente para entrar em certos ciclos, mas,não tão sem conteúdo para não ser chamada de "nerd". 
Gosto de algumas coisas que se enquadram no atual mundo geek, mas não li o manual do mochileiro das galaxias e ainda faltam 4 filmes do Stars Wars para assistir. Entro na balada, e não atraio olhares. Danço, danço muito! Nem por isso fico rodeada de mulheres. Não sei em qual manual de conquista eu estaria classificada. Escrevo poesia, é verdade. Se todo poeta fosse igualmente amante, não teríamos tantos boêmios no século passado. Sim, a boêmia era sinal de solidão. E ao mesmo tempo, ninguém ficava sem companhia na cama. 
Taças de vinho, copos transpirando cheios de vodca. Água ardente misturada com gelo, limão e muito açúcar. Cerveja com colarinho alto, tão gelada , que me faz voltar ao vinho. Tudo misturado. E o corpo mistura tudo também, emoções, pensamentos, os desenhos de um livro, rascunho de poesia, novamente, emoções. No final é melhor deixar o riso fluir. Sentir. Viver é isso. Sentir o momento. 
Mas quem sou eu, mesmo? Não tenho tribo, não tenho definição. Também, nunca me esforcei em ser nada. Sempre gastei energia em descobrir quem sou eu. E esta será uma busca eterna. Quando me acho meditando,  numa curva de uma noite de luar, me perco, pois olho estasiada, ou chocada, um capítulo passar em minha vida, levantar uma onda de arreia e me cegar. Fico sempre em dúvida sobre quem escreve estes textos.Leio e não me reconheço. E ao mesmo tempo, poderia assinar com todos meus 5 nomes, algumas frases que deixo por aqui, ou em minhas cartas.
Me encaro no espelho e agora vou me descrever: pouco mais de um metro e cinquenta. Gosto dos meus pés, da parte inferior das pernas; na direita uma tatuagem toma boa parte como um raio escuro. Do lado esquerdo o menino vestido de camiseta vermelha, um dos meu "alter ego". Pele branca , observo de lado minhas costas, ainda são lisas, apenas uns traços perdidos mudam a palidez. Este nome que já não faz sentido, é um marco que me transformou. Logo dará um lugar a um dragão, um tribal, uma mulher nua, uma bruxa...Olhos escuros, profundos, um pouco marcados pelo cansaço, por fatos do passado. Eles me fitam... e profundamente são os que mais falam o que realmente é minha alma. Meus lábios me atraem, não preciso de batom, não preciso de mais cor. Cabelos escuros, já foram mais. Já foram avermelhados. E agora, misturam-se a um branco prateado. O colo e os seios mais fartos do que outrora. Decididamente, sou várias mulheres. A meia luz de um quarto, vários homens, mulheres, meninas, dominadores e passivos... tudo misturado. Olho no espelho... não sou nada. Alma sensível , corpo mais ainda. Se posso ver um pôr do sol com um abraço, também desço ao inferno com uma palavra.
Volto. Olho o copo vazio. Olho a tela que escrevo. Olho minhas mãos. 
E não sei como finalizar este texto. Até breve, volto logo... Adeus! ...Eu te amo... até amanhã... sinto medo. Olho o espelho...


Um comentário:

  1. Somos o que sentimos, por isso as vezes estamos confusos, misturados. Tentar mudar o que sentimos é como tentar morrer, ou matar parte do que somos. Suicidas e assassinos vão pro inferno....

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