12 de mar. de 2013

Desabafo? Auto Retrato?



Poderia ser um desabafo. Quem afirmará com toda certeza o que foi  realidade e o que foram asas da imaginação?  
Sei mesmo que ando cansadoDeprimido seria o estado corretoOlho pela janela e não vejo mais graça no vai vem de confusãoBuzinasbrigas,  conversaTantos sons.  Eles não me inspiram fito a tela branca a minha frenteMãos tingidas de azul, pegam mais um cigarroOlho novamente esta paisagem vazia e as corefaltam ao pincel 
Me vejo. Um tolo correndo para fora para não buscar o seu rosto aqui dentro. Mais um amor. Mais romantismo. Mais uma vez, clandestino. Não sou dado a grandes festas, nem tampouco a compartilhar alegrias e tristezas com muitos. Mas, como disfarçar aquilo que meus olhos não escondem? Ter que usar a máscara de outros sentimentos que não são meus, para agradar sua indecisão. E mais uma vez, me pergunto: por que afinal não posso sentir simplesmente, sem ter que ser ator ? Chego a conclusão de que assim como a janela não é a inspiração, o problema sou eu, não estas mulheres que tento amar, ou realmente amo com muita paixão. 
Um som diferente surge do apartamento ao lado e desperta minha atenção. Uma musica. Não sei o que ela diz Minha pele se arrepia, os olhos marejam forte. Tenho pouco tempo... O azul não é a cor certa. Deixo cigarro, meu copo, busco outros tons que acompanhem a canção. Antes que eu perceba, desperto. Diante de meus olhos uma bela pintura. Parece um auto retrato. Cheio de tantas faces, cheia de energia. Parecem retalhos de roupas, ou uma daquelas colchas. Sem história linear, apenas pedaços e mais pedaços vindos de qualquer lugar. Desta vez achei que não iria, mas consegui . Fugi correndo do meu mundo e fui buscar lá fora respostas sem perguntas. Minhas perguntas continuam escondidas nos poros que a música não atingiu.  
Agora posso deixar este quarto, a janela, a tela, você; Ir lá fora fingir que faço parte de qualquer realidade que eu cruzar  na rua, num bar. Apenas um rosto qualquer na multidão.

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