Faz
tempo que precisava te escrever, mas toda a tarde, esta brisa de primavera, me deixa
inerte em meus pensamentos, perdida
entre sonhos, mundos fora da realidade.
Também,
parar apenas para escrever aquilo que
claramente é obvio. Tenho certeza, que mesmo estando distante, sabe o quanto
sinto sua falta.
Não
sei se um dia senti seu cheiro, ou se vi de fato seus olhos, mas lembro deles
de algum jeito. E no momento que paro e penso em nossas conversas, tudo parece
tão próximo, tão concreto. Fugir é totalmente desnecessário. Chegou o tempo do
coração quase falar.
Algumas
lágrimas que escorrem, levam uns grãos de areia consigo. Estes grãos ficam
guardados no peito, e juntando-se a outros milhares, formam algo chamado
sentimento. Não que elas – as lágrimas – sejam mar, ou rio, tampouco podem
lavar como a chuva. Elas simplesmente brotam. Representam prazer em muitos
momentos. Em outros raiva ou alegria, e nos menos frequentes, a tristeza.
Estranhamente,
nem sempre são feitas de agua, sal e açúcar. Quando a respiração fica
controlada em pequenos suspiros, as lágrimas
correm em sentido inverso, apenas dentro do peito, e ficam assim a noite
inteira.
Nesta
hora, é que elas levam os grãos que deveriam ficar .
O
amor também é feito de pedaços minúsculos que só agregados, tornam-se grandes.
Ele é feito de cada olhar, de cada palavra dita pelos lábios ou pelos olhos. Dos
dia de chuva que divide-se o abrigo ou as gotas da tempestade. É feito de cada
raio de sol, de cada pedra , de cada calor que a pele sente. Ele é feito, acima
de tudo, de tantas detalhes que não são palpáveis, não há como explicar nestas
palavras, apenas, quando estiver ao meu lado. É do amor que são os grãos de
areia que deveriam ficar.
Seria
inútil escrever uma poesia, quando há não muito o que dizer. Por isto a ausência
de versos, bilhetes, poemas inteiros ou cortados. Parei. O tempo da eloquência verbal
passou. E creio que não foi da melhor forma. Quem sabe você me entenda. Quem
sabe venha ao meu encontro e possa ficar mesmo que seja em silêncio. Quem sabe
eu ainda o ouça cantar até que eu possa adormecer.
A
Lua cheia está chegando. O céu já está azul. Não sou mais tão jovem . Já perdi
as certezas, e aceito suas mãos para encontrarem qualquer que seja a verdade.
Porém, também não sou tão velha . Alimento muitos sonhos aqui dentro, portanto,
não demore.
Estarei,
aqui, no mesmo lugar de sempre. Com os olhos serenos, o corpo suave, a mente
inquieta, a te esperar .
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